domingo, 13 de janeiro de 2008

Formandos das turmas A e B do EFA apresentam a peça"Crónica Presente de um Direito Ausente"

“Quando às vezes me ponho diante dos olhos os muitos e grande trabalhos e infortúnios que por mim passaram… continuados pela maior e melhor parte da minha vida, acho que bem me posso queixar da ventura… que me perseguiu e maltratou…” dizia-nos Fernão Mendes Pinto na Peregrinação. De origem humilde, sem educação formal, distanciado da cultura dominante, Fernão Mendes Pinto dá-nos, na sua obra, o testemunho presencial de comportamentos, modos de pensar, de sentir e de viver de povos que julgávamos inferiores, pelo simples facto de serem diferentes.
Quinhentos anos depois do seu nascimento, milhões de pessoas em todo o mundo continuam a ser excluídas por não terem a mesma cor de pele, não falarem a mesma língua, não acreditarem no mesmo Deus, não possuírem os mesmos recursos, não pensarem da mesma forma.
Cinquenta e nove anos depois da proclamação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, os formanods das turmas A e B do Curso de Formação de Adultos da nossa escola, quiseram, relembrando o papel que os nossos escritores tiveram na defesa dos direitos do homem (Fernão Mendes Pinto, Camões, Padre António Vieira, Saramago e tantos outros…) alertar-nos para a ideia de que – e é Albert Camus que citamos – “o que é preciso combater hoje é o medo e o silêncio. O que é preciso defender é o diálogo e a comunicação dos homens entre si. A servidão, a injustiça, a mentira, são flagelos que quebram esta comunicação e proíbem este diálogo. De ora em diante, a única honra será a de manter esta formidável aposta que decidirá enfim se as palavras são mais fortes do que as balas.”
Subiram ao palco com enorme empenho e entusiasmo, contracenaram a par com jovens do 12º. ano, (a Catherine Fernandes, o Telmo Gaspar, o João Santos e o Tiago Henriques) já com alguma experiência de teatro…, decoraram textos, construíram cenários, costuraram fatos e velas, recuperaram actividades ancestrais, foram poetas, camponeses, artesãos, vadios, mendigos e pedintes… foram ousados, determinados e aventureiros… Conquistaram uma plateia exigente e atenta e mostraram que devemos sempre aproveitar as “novas oportunidades” que a vida nos dá!
Sofia Santos
Formadora de Linguagem e Comunicação



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